Carlos não chegava em casa
antes das 11:00, a única explicação era o estress em que estava por causa da crise em sua empresa,
a meses a imobiliaria não vendia nada, qualquer negociação mal dava para pagar
as despesas atrasadas e o aluguel do espaço. Já havia demitido a recepcionista
e colocou sua prima de 15 anos para ajudar, os corretores também não se
animavam mais. Manuela também não deixava barato e a pergunta era sempre a
mesma para o marido : Onde você estava, me fazendo de otária?
No aniversário de 35 anos de
Eduardo seu melhor amigo bebeu e chorou até soluçar, o coitado não sabia mais o
que fazer estava pensando até em pegar um empréstimo com agiotas, compadecida a
mulher de Eduardo e sua comadre fez uma proposta.
Estela : Olha Carlos, eu to parada em casa recebendo
seguro desemprego e ainda tenho uma graninha da rescisão, vamos virar sócios na
imobiliária? Eu entro com essa grana e
você me ensina os macetes do negócios.
Carlos enxugou as lágrimas e
agradeceu, afinal era um folêgo maior para os negócios e começaram a trabalhar juntos na semana
seguinte. De fato, a princípio Estela não demonstrava muita habilidade com
vendas , nem mesmo em lidar com o público, trabalhou a maior parte de sua vida
em um pequeno escritório de contabilidade na área adminsitrativa. Mesmo assim a
empolgação foi tanta que as vendas aumentaram consideravelmente, nos primeiros
seis meses foi tudo muito bem e novamente Carlos começava a chegar em casa lá
pelas 11:00 da noite.
Manuela esperava até ele
chegar , mas em pleno no domingo a briga
foi tão intensa acordando as crianças quee assustadas correram aos prantos para
a sala. Sim, Manuela era ciumenta mais segurou a onda nos últimos anos e não se
deixava abater por nada, nunca fez questão de luxos e mimos, ambos construiram
a casa vendendo o almoço para comprar a janta e sem deixar faltar nada para as
crianças. Carlos além de voltar tarde todos os dias já não fazia questão de dar
atenção a esposa, começou até a empurrar a responsabilidade do deficit de
atenção para os filhos, como se eles tivessem a obrigação de compensar a mãe
por tanta dedicação.
Na segunda- feira o telefone
toca e Manuela larga a louça na pia para atender, do outro lado da linha uma
voz de mulher diz: Seu marido tem um caso com a minha filha!!! Manuela
congelou, era possível ver as veias de sangue em seu rosto e através dos olhos,
as mãos trêmulas colocaram o fone no gancho e imediatamente o barraco estava
armado.
Catarina a filha mais nova
chegou em casa da escola e viu sua tia segurando a mão da mãe em prantos, ambas
sentadas no sofá, a choradeira era tanta que ninguém percebeu a garota por ali,
de repente um outro parente chega e leva as duas embora, a menina continuou em
pé na cozinha por alguns instante quando a perua trazendo o irmão caçula chegou
fazendo barulho e ficaram em casa sozinhos até o dia amanhecer. Outra vez as
crianças foram acordadas aos gritos, mas agora era a mãe colocando o pai para
fora de casa e jogando suas roupas no meio da rua, aos berros ela dizia
palavrões e ele sem reação recolheu tudo e foi embora.
Durante os próximos anos não
ouviram falar nem do pai ou da mãe,
Manuela em um ataque de fúria arrumou as próprias malas e também deixou a casa.
As crianças foram abrigadas pela tia, mas de fato passavam a maior parte do tempo sozinhas, quando Catarina completou 26
anos fez questão de fazer uma festa de arromba em casa, estava a um passo de receber
seu diploma de Psisquiatria.
Seu irmão Mauricio estava no
segundo ano de odontologia, ambos não falando muito com seus pais, a mãe tentou
se aproximar mais nos útlimos anos depois que Mauricio adoeceu e o pai nunca se
manifestou, ás vezes a vizinha do andar de cima contava para Catarina que um carro
preto de vidros fumê ficava horas do
outro lado da rua no mesmo ângulo de sua janela, como quem espera alguém
aparecer. Catarina deu de ombros, pensou que tanto barulho não poderia ter sido
por nada. Quem em sã consciência teria largado a família pela própria comadre
em favor de uns trocados e não seria hoje imensamente feliz.
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