Por Tatiane Montefusco
Acordou
assustada com a chuva fria caindo sobre o rosto e o barulho estridente dos
trovões. O corpo dolorido e cheio de hematomas
estendido entre as trepadeiras espinhosas que formavam paredes altas e a
grama molhada no chão. A chuva forte limitava a visão, levantou-se devagar
tateando as folhas .Percorreu descalça durante horas o que parecia ser um
jardim sem flores até encontrar parado no meio de um pátio um carrossel
deslumbrante, com adornos pintados de ouro e espelhos espalhados por todos os
lados onde se via o reflexo do brinquedo.
Não percebeu
que a tempestade se tornou garoa fina contemplou por muito tempo aquele brinquedo, aproximou-se e sentou
em um dos animais presos ao meio por um bastos que ia do chão ao teto. Fechou
os olhos e ouviu a música de ninar,
sentiu o vento bater no rosto, o calor das luzes, tudo girando, subindo
e descendo, dando voltas e voltas e altos e baixos, descendo e subindo.
Ao abrir os
olhos se viu no reflexo dos espelhos mais velha, cansada, triste, ao se dar
conta da passagem do tempo empalideceu engolindo o choro ao entender que
percorreu kilômetros, uma década ou mais sem sair do lugar , pressionou as
pálpebras cheias de lágrimas e se despediu, os arbustos se transformaram em
concreto, as luzes em alarmes, o brinquedo em máquina e ela continua ali parada
no escuro, sozinha, sem coragem de sair do lugar.
Parabéns pela iniciativa, Tati!!! Continue expressando o seu talento, cada dia mais... Beijão Luiz Pontes
ResponderExcluirObrigada por ser o primeiro a me seguir!!!!!
Excluir